terça-feira, 3 de maio de 2016

GADO FRANQUEIRO: A SAGA DE UMA RAÇA EM EXTINÇÃO

A história diz que os ancestrais do gado Franqueiro, foram domesticados no Egito 6.000 a.C. Na história recente eles vieram nos porões dos navios negreiros. O gado chegou na América do Norte em 1493, nas caravelas de Cristóvão Colombo.


As sete vacas  e o touro sagrado, pintura no túmulo de Nefertari (esposas de Ramsés II)  situado no vale do Queens, Thebes, Egito.

Viagens Cristóvão Colombo: Da Península Ibérica agora a raça chega as Américas.



O primeiro rebanho que aportou na costa do Sul do Brasil em 1534 foi trazido pelo donatário da Capitania Hereditária de São Vicente – o português Martin Afonso de Souza.

Este antigo casco vacum seguiu povoando o Paraguai; Santa Fé, Argentina e Vacaria do Mar, Uruguai.
Mais tarde o gado retornou às feiras de Sorocaba, São Paulo, juntamente com cavalo e mulas para sustentar o brilho do ouro das Minas Gerais, fechando assim o círculo com a tropa grande do ciclo dos tropeiros.





Região Vacaria do Mar


Os padres jesuítas introduziram na região das Missões cerca de 1.200 rezes. Um dos pioneiros foi o padre Cristovão de Mendonça. Esse, acabou martirizado em um ataque de índios em torno de 1635 na região do Campo dos Bugres, hoje área de Caxias do Sul
1700-1800: Gado Franqueiro região das Missões.

Dias Atuais: Gado Franqueiro região das Missões.

Parte do gado retirado da Vacaria do Mar em 1705 seguiu para povoar as sesmarias ondulantes da outra Vacaria, a dos Pinhais que estava em formação. Poucos anos depois, por volta de 1710, os índios missioneiros abriram picadas nos matos Castelhano e Português para a passagem da tropa de cerca de 80.000 rezes. Nestes lindos campos o gado Franqueiro se aquerenciou e se reproduziu em uma seleção natural e sustentou a economia por séculos.

Na Vacaria dos Pinhais, hoje Campos de Cima da Serra, com a paisagem modificada pelo progresso, o gado Franqueiro de pelagem multicoloria e guampas grandes continua sombreando as coxilhas. 





1800: Carreta antiga puxadas pelo Gado Franqueiro e usadas pelos serranos (Campos de Cima da Serra no Rio Grande do Sul) e do chamado Quadrante Patrulhense.

1900:  Vista da Estância São João, de Amandio de Souza Duarte, Campos de Cima da Serra

1960: porteira de vara em mangueira de pedra, região dos Campos de Cima da Serra gaúcha.




O tempo passou gastando vidas, mas o gado Franqueiro resistiu. No inicio do século passado, forçaram sua extinção, o animal é forte e aguentou o tirão. O terneiro Pitã (foto) nascido em 11/11/2014 na fazenda do Faxinal em São Francisco de Paula RS é prova de sua resistência, é descendente do mesmo casco ibérico que há quinhentos anos carrega um sol americano entre as guampas.


GADO FRANQUEIRO: Reconhecido por esse nome na literatura científica, desde os primórdios da academia agropecuária no final do Século XIX.

A lei 14.102 de 19/09/2012 inclui o Gado Franqueiro como animal "Símbolo", reconhecendo-o como patrimônio cultural e genético do Estado do Rio Grande do Sul.










segunda-feira, 2 de maio de 2016

POR QUE GADO FRANQUEIRO?


FRANQUEIRO: franco, livre, xucro, selvagem, cimarrón, sem dono, sem marca.

A raça ajudou o gaúcho serrano movimentar o comércio no Rio Grande do Sul por séculos e agora sofre ameaça de extinção.

Sebastião Fonseca de Oliveira (foto abaixo), Presidente da Associação Brasileira de Criadores de Bovinos Franqueiros (ABCBF) é um guerreiro em busca das origens e culturas gaúchas. Junto com outros 11 associados, 7 criadores de gado e alguns parceiros como: a UFRGS, a FEPAGRO, a Associação Nacional de Criadores "Herd-Book" Collares (ANC) e o IBAMA.


Existem dois tipos de Franqueiro, o Borrachudo - guampas curtas e grossas de até 65cm de circunferência e 50cm de comprimento- e o  Guampa Fina - guampas finas e compridas com  230 cm de uma extremidade a outra, ambos grandes e fortes, couro grosso.